sexta-feira, 16 de novembro de 2012

O nascimento de Esther.


Chegado o dia tão esperado, fui a missa logo cedo acompanhada do meu esposo antes de ir para a maternidade. Pedi a Deus que olhasse para Esther na hora do parto e que não a desamparasse. Durante os últimos meses de gestação essa foi a oração que copiosamente fiz a Deus.
É, vocês perceberam que Esther não teve um parto normal, não por falta de desejo meu. Ela nasceu de uma cesariana, porque estava com o líquido aminiótico reduzido, fato revelado na última ultrassonografia feita na véspera de seu nascimento.
Então cheguei na maternidade, onde logo depois chegaram familiares e algumas amigas que me presentearam com bem-nascidos para comemorar a chegada de Esther. Por algum tempo esqueci a gravidade do que me esperava, mas logo me lembrei quando estava na maca, a caminho da sala de parto com um crucifixo com a cruz de São Bento na mão. As pessoas me olhavam com um olhar preocupado e isso começava a me incomodar. Entrando na sala de parto, comecei a chorar, foi quando vi uma imagem de Jesus Misericordioso na porta do centro cirúrgico, pelo lado de dentro, bem no alto. Alí tive a certeza de que Deus havia me escutado. Enchi-me de forças! Nas minhas orações, sempre pedia a Deus para que não deixasse eu me esquecer dEle nos momentos de desespero e Ele não deixou. Vocês também podem perceber que sou católica com todo o significado da palavra. 
Esther nasceu no dia 27 de agosto de 2010, dia de Santa Mônica (mãe de Santo Agostinho, doutor da igreja), às 13:05h, pesando 2,850Kg e medindo 47cm de comprimento. Chorou bem e apresentou apgar 7/8. Foi aí, no momento do nascimento, quando eu ainda estava deitada na mesa, que a médica neonatologista da equipe, colocando Esther do meu lado, disse em alto e bom tom: "Nós já podemos ver os estígmas nela." Nunca vou me esquecer dessas palavras frias. 

Enquanto isso, do meu lado direito estava o amigo e médico Dr. Wagner Dantas, de quem fiz questão da presença na hora do parto. Ele foi um anjo alí. Falou-me baixinho que Esther estava bem, descrevendo até mesmo detalhes sobre ela. Fiquei tranquila. Esther parou de chorar logo que escutou minha voz e foi colocada pertinho de mim. Amei-a pela primeira vez fora da barriga.
Se eu pudesse me levantar daquela mesa de parto eu teria arrancado a minha filha dos braços daquela médica, que não teve discernimento nenhum em me falar do assunto naquele momento. Eu só queria a minha bebê bem viva. Esther nasceu cansada e logo teve que ir para a UTI receber oxigênio. O cansaço não tinha haver com a cardiopatia, assegurou-me a médica neonatologista que a acompanhava.

O médico ecocardiografista que fez o diagnóstico da cardiopatia de Esther ainda intra-útero, repetiu o exame agora diretamente nela na UTI e confirmou a DSAV total. 
Depois de seu nascimento, eu só a vi novamente no dia seguinte, porque precisava ficar deitada por causa da cesariana. Meu esposo ficava trazendo notícias dela e de suas peripécias. Lembro dele dizer que Esther estava rodando a encubadora toda e que as enfermeiras achavam ela bem esperta para uma recém-nascida. 

Fui a UTI ver Esther assim que consegui me levantar e andar, ainda com a ajuda do meu esposo. Chegando lá, já perto da encubadora onde Esther estava, usando um capacete por onde recebia oxigênio, comecei a tremer e chorar. Minha bebê, ainda tão pequenina e já tão forte e guerreira. Passei algum tempo observando ela. Esther era uma bebê delicada, toda afilada e com olhinhos puxados. Amei-a pela segunda vez fora da barriga.
Esther ainda precisou passar uns dias no hospital também porque apresentou icterícia. Com a graça de Deus, depois desses dias, que foram longos para nós, levamos nossa filha para casa para amá-la por toda a nossa vida.






















2 comentários:

  1. Melina, como os sentimentos de uma mãe são tão parecidos... vc relatando que tinha vontade de levantar da cama e ir ao encontro de sua filha até a U.T.I. é o mesmo que senti no nascimento da Júlia qdo ela nasceu e tbem foi para a U.T.I.... nossas meninas são umas guerreiras e os anjos Dr. Valdester e dra. Klébia foram o nosso porto seguro.

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  2. Parabéns pela iniciativa de escrever o blog, pela sinceridade no relato, mas principalmente por ter gerado uma princesa linda.
    Sem preconceito e com algumas adaptações tenho certeza que ela será muito feliz e lhe trará muitas, muitas alegrias ao longo da vida.

    Continuarei acompanhando.

    Cristine Cabral

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