quarta-feira, 14 de novembro de 2012

A gestação de Esther.

Vamos começar bem do início. Engravidei pela primeira vez aos 28 anos com todos os sonhos de uma mãe comum. Sonhava com a carinha do meu bebê e até apostava em ganhar um menininho, mas Deus não quis assim. Engravidei de uma menininha, que logo ganhou o nome de Esther e transformou nossos corações para sempre.

A gravidez seguia normalmente, até que na ultrassonografia morfológica, exame realizado no quinto mês, o médico ultrassonografista percebeu que Esther tinha uma comunicação entre os ventrículos (CIV) e me orientou a fazer um exame mais detalhado do coração chamado ecocardigrafia fetal.
Fui ao Incor criança aqui em Fortaleza e realizei o tal exame. O médico ecocardiografista foi bem criterioso e direto, o que nossa Esther tinha era mais complicado do que uma CIV. Na verdade, Esther tinha um defeito no septo átrio-ventricular de forma total com válvula única (DSAV total). Falando de uma modo mais simples, Esther não tinha a divisão entre os átrios e ventrículos (um vazio no centro do coração), além de ter só um par de válvulas. Jesus, nosso chão sumiu naquele momento. Estávamos eu e meu esposo Fábio de frente para o médico, recebendo uma notícia explosiva, uma bomba! O médico ainda acrescentou: "80% das crianças com a cardiopatia do seu bebê têm trissonia do cormossomo 21, Síndrome de Down". O que? Só tinha ouvido falar da Síndrome de Down (SD) nos livros da faculdade e sabia que era comum em mães mais velhas, com mais de 35 anos. E eu? Eu só tinha 28 anos. Meu marido tinha 29 anos. Onde estava o erro? A ultrassonografia morfológica não havia apontado outra característica da SD e a primeira médica que me consultou não havia pedido a translucência nucal (o primeiro exame morfológico do bebê) no terceiro mês, que também pode apontar alguma síndrome. Chorei.
Diante de tudo isso, a pergunta clássica, feita por todos os pais em algum momento: Por que nós? Eu fiz essa pergunta, enquanto meu esposo fez outra pra mim: Por que não nós? Refleti. E ele estava certo! Assim, abraçamos a nossa filha e com tudo o que ela passaria, em nossos corações.
Mas além do susto dessa notícia, que nos levava a pensar em uma realidade diferente da sonhada, veio a preocupação com o coraçãozinho de Esther. Ela nasceria? Como ela nasceria? E o coração? Perguntei ao médico sem pestanejar, de forma objetiva, quase uma metralhadora: minha bebê nasce, doutor? Ele respondeu que sim. Perguntei se tinha chance de correção do problema ainda dentro de minha barriga. Ele respondeu que não. Perguntei ainda se a correção era cirurgica? Ele disse que sim. Daí, quando pedi indicação de médicos, ele deu dois nomes: Dra. Klébia Castelo Branco (cardiologista pediátrica) e Dr. Valdester Cavalcante (cirurgião cardíaco-pediátrico). Esses dois foram depois os anjos enviados por Deus para salvar a vida de nossa Esther.
Começou assim o nosso calvário. Até o último mês de gestação, repeti a ecocardiografia fetal todos os meses, até mesmo com outro médico, mas obtive sempre o mesmo diagnóstico. Agora era esperar.
Passei a buscar informações sem cessar. Falamos com Dra. Klébia, médica conceituada no assunto, que já havia tratado de muitos casos como o de Esther. Ela foi categórica. Segundo a médica, Esther nasceria, sem contra-indicação de parto normal, e a cirurgia corretiva seria entre o terceiro e sexto mês de vida. Tudo iria depender de como Esther nascesse, de sua condição física.
A partir daí, intensificaram-se as orações pela saúde de Esther. Nossa Senhora de Fátima e Santa Gianna Beretta Molla (padroeira das famílias) passaram a ser minhas companheiras na luta pela vida da minha bebê.

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