domingo, 7 de dezembro de 2014

A alta do ortopedista.

...Cinco meses depois de Esther deixar de frequentar a clínica especializada de fisioterapia, fui a uma consulta com o ortopedista para avaliação.

Chegamos no consultório, que já estava bem cheio, depois de vencer vinte andares de elevador. Pegar o elevador com Esther é bem tenso, porque ela não gosta da voz gravada que sinaliza os andares e fica realmente estressada com isso. Minha tática é tirar o foco, então converso e até canto com ela, o que muitas vezes resolve. E ainda posso contar com a ajuda das pessoas, que também estão no elevador, para entretê-la. 

Nesse dia, fui à consulta munida de três vídeos no meu celular, gravados pelo meu sogro, para apresentar a Dr. Davi, visto que Esther não contribui na avaliação médica, mostrando o que sabe fazer. E assim o fiz logo no início. Falei-lhe também da suspensão da fisioterapia especializada com uma aflição imensa, esperando sua repreensão, mas isso não aconteceu. 

O doutor a examinou e a fez andar de uma lado para o outro na sala sem as orteses. E... Deus me escutou... Esther saiu de lá com a alta do médico. 

Dr. Davi fez algumas recomendações quanto ao tipo de sapato que Esther deveria usar e pediu para vê-la a cada 6 meses para acompanhamento.

Então, como deveriam ser os sapatos usados por Esther? Seguinte... Sapatos de preferência ortopédicos, tipo botinha, com frente arredondada e tamanho exato do pé dela para dar-lhe mais estabilidade para andar. Logo, nada de escolher sapatos maiores para serem usado por mais tempo como fazemos normalmente com as crianças. 

Dr. Davi gentilmente ainda desenhou o modelo dos sapatos, a fim de me guiar na hora da compra (segue abaixo a foto da prescrição médica).





















Esther finalmente andou.

O desejo de ver a nossa linda Esther andar, com todo o significado da palavra, foi muito esperado por toda a família e amigos. Os esforços foram coletivos para que isso acontecesse.

Esse processo envolveu coisas e pessoas. Passamos por momentos difíceis, porque a vontade de dar o melhor para Esther se esbarrou na limitação financeira. Basta dizer que minha mãe não conseguiu mais manter Esther na clínica de fisioterapia especializada e nós também não tínhamos dinheiro para pagar. Mãe, fica registrado aqui o meu muito obrigada por sua valiosa ajuda.

Esther deixou de frequentar a clínica especializada logo que andou e sem a alta das fisioterapeutas. A minha preocupação era que Esther notoriamente ainda precisava amadurecer o movimento. Ela ainda usava as orteses e isso se tornou perigoso, porque Esther já era uma criança de quase 4 anos andando como uma criança de 1 ano.

Mas nem preciso descrever como isso doeu no meu coração de mãe. Chorei muitas e muitas vezes. A gente fica se culpando por coisas que só uma boa noite de sono é capaz de organizar. Confiei mais uma vez em Deus e tudo deu certo.

Esther andou com 3 anos e 7 meses. Levou e leva muitos tombos que me deixam aflita, mas que procuro não demostrar para que ela se sinta segura em tentar de novo.  

Agora, com 4 anos e 3 meses, Esther ensaia correr. É bem engraçado, porque treinar correr virou uma diverção para minha pequena. Ela dá voltas e voltas em torno do sofá da nossa casa. E eu... Sigo confiando cada dia mais em Deus do que nos homens.


Travessuras.

Vendo TV.

Dançando.

Um dos tombos de Esther.

Treinando com as orteses.

Adorou o apito.







sábado, 1 de fevereiro de 2014

A fisioterapia especializada.

Por indicação do ortopedista, procuramos a clínica Therapias, buscando uma fisioterapia especializada para nossa linda Esther.

Inicialmente, Esther foi avaliada pelas fisioterapeutas Elizabeth Gurgel (Lila) e Sylvia Monte Costa. Lembro bem que a Lila achou o tônus muscular de Esther bom. Falei-lhe que acrescentava o chá do gergelim preto (tônico natural) a uma das vitaminas diárias oferecidas à Esther já há algum tempo. Ela disse desconhecer, mas percebi que isso a impressionou.

Posso dizer que o trabalho dessas profissionais é simplesmente fantástico. Esther passou a fazer fisioterapia três vezes por semana com a equipe da Therapias e usar o par de orteses durante o dia por um tempo aproximado de 8 horas.

Os resultados logo foram aparecendo. A pisada que era para dentro (pronação) está sendo corrigida continuamente, além da postura correta, a perda do medo de cair e o ganho da vontade de andar, consequências diretas e indiretas das técnicas aplicadas na fisioterapia com Esther.

A Therapias Habilitação Pediátrica é uma clínica especializada de fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia, que aplica técnicas e exercícios que visam o desenvolvimento infantil normal. 

Na fisioterapia, a Therapias usa recursos como bola, caixa e balance, gaiola de atividade (spider) para estímulos vestibulares, manobras de Bobath e Medek, técnicas de adequação do tônus muscular e parapodium para manutenção da postura e alinhamento das grandes articulações.

O presente da vovó Dircéa foi importante para Esther e para todos nós que caminhamos lado a lado com essa pequena encantadora, acompanhando suas conquistas mais singelas.

Mais um capítulo da história da nossa linda Esther é escrito por pessoas que amam o que fazem e que tem o compromisso diário em dar qualidade de vida para crianças com diferentes necessidades. Seria maravilhoso se todos tivessem acesso ao tratamento oferecido lá.

A equipe Therapias está de parabéns! Deus os abençoe infinitamente.






O vídeo mostra Esther na spider com tia Sylvinha:





sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

O ortopedista.

... E esperando o tempo de Esther para andar... Camila (amiga e fisioterapeuta) me perguntou se eu já havia levado Esther a um ortopedista. Bem, talvez a resposta parecesse óbvia, já que eu sabia que o portador da Síndrome de Down (SD) pode ter problemas dessa natureza, mas não foi. Eu respondi que não. Acho que acabei dormindo no ponto mesmo.

Daí ela me falou que seria interessante que um médico especialista no assunto desse sua opinião sobre o tão aguardado andar de Esther. E me indicou Dr. Davi Moshe, ortopedista pediátrico e neuro-ortopedista.

A consulta foi bastante esclarecedora. Gostei mesmo. Dr. Davi me falou, de forma bem simples, de três pontos que devem ser acompanhados no processo do desenvolvimento físico do portador da SD. Primeiro: instabilidade da coluna; segundo: luxação do quadril; e terceiro: posição dos pés, que comumente são para dentro, mas que podem ser para fora. Tudo isso consequência da hipotonia muscular.

Depois de uma criteriosa avaliação física, o médico concluiu que Esther apresentava somente a pisada para dentro (pronação). Pediu ainda um raio-X da coluna vertebral, que confirmou o que ele já havia dito. Estava tudo bem. 

Dr. Davi me explicou que a pronação não era motivo para que Esther ainda não estivesse andando. E ainda me informou que um portador de SD anda, em média, com 1 ano e meio à 2 anos e meio de idade. Esther já estava com 3 anos e 2 meses na data da consulta.

Então, a pergunta que não quer calar... o que impede Esther de andar? Bem, segundo Dr. Davi, ela possui uma frouxidão ligamentar. Esther não tem o centro de massa definido, consequentemente não consegue ter o equilíbrio necessário para ficar em pé, logo andar.

Eu acreditava que a dificuldade de equilíbrio de uma pessoa era consequência direta da falta da cava nos pés, o que não é o caso de Esther. Ela tem cava nos dois pés. Mas o médico disse não se tratar disso.

Enfim... um motivo para o atraso no andar de Esther.

Prognóstico positivo dado por Dr. Davi. Fiquei aliviada. Esther ganhou um colorido par de orteses, que foram escolhidas com muito carinho pelo papai, e ainda uma fisioterapia especializada, presente da vovó Dircéa. Falarei com mais detalhes sobre a nova fisioterapia em um próximo post.

Agradeço mais uma vez à Camila pela dica valiosa. Obrigada pelo carinho e por se preocupar de verdade com o desenvolvimento da nossa linda Esther.








Video registrado pela mamãe mostra o papai e a Daci (babá), treinando com Esther :